sábado, 5 de setembro de 2009

III Semana de Psicologia da Faceres - dislexia e tdah

Sou daqueles teachers que acreditam no papel da família para o sucesso da criança na escola. Porém, e como vários outros teachers e maestras e professores e coordenadores e mães e pais eu acreditava que faz parte de tal esforço um investimento da família daquelas ditas “crianças problema” em ajuda especializada para detectar e tratar o que hoje em dia consideramos transtornos de aprendizagem, síndrome de déficit de atenção, hiperatividade, quebranto ou aura muito azul.
Foi munido até os dentes com essas minhas boas intenções que eu me inscrevi para o workshop sobre dislexia e déficit de atenção, lá na Faceres. Foi uma bolacha na minha cara de paisagem a palestra que ouvi ministrada pela Dra Maria Aparecida Affonso Moysés, na minha opinião, uma postura bastante corajosa, diante de tantas tecnologias, avanços, estudos, profissionais, um mercado tão expansivo e já tão consistente disposto a abraçar todos esses pequenos e conduzi-los ao comportamento adequado em sala de aula, à resposta esperada pelos pais e professores, diretores e coordenadores e, claro: boas notas, sucesso acadêmico, finanças seguras e carreira profissional promissora, como essa minha de professor de inglês.
Foi de forma contundente e com bom humor que a doutora defendeu em sua palestra a inconsistência e falta de método ou critério científico na grande maioria dos trabalhos relacionados ao tema, principalmente naqueles que concluem pela existência de tais patologias e/ou tratamentos por drogas estimulantes.
Ela destacou a subjetividade dos testes para diagnóstico de dislexia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade de acordo com padrões atuais e a ineficácia das últimas tecnologias em detectar de forma satisfatória a verdadeira origem do fracasso escolar dessas crianças, e não somente áreas do cérebro ativadas ou não conforme a realização, ou tentativa de realização de certas atividades. A atividade em questão aqui é a leitura. Do modo mais grosso, que é o da minha ignorância, entendi que para a máquina um não disléxico que tenta ler um texto numa língua que não é sua, como uma que tenha um alfabeto diferente, por exemplo, é tão disléxico quanto um disléxico em sua própria língua materna, que manifesta para a máquina uma dificuldade em executar uma função que ainda não aprendeu totalmente. Isso não responde por que a criança não aprende.
Tudo isso é ainda motivo de muita controvérsia entre especialistas da área. Entre nós, professores, ainda faz parte de nossas crenças a existência ou não de tais transtornos, bem como a necessidade de tratamento por meio de drogas. O que é mais do que citado em muitos veículos, é o que se denomina como relações promíscuas entre a indústria farmacêutica e médicos em geral, inclusive estes tantos que estão aí para dar aos pequenos a chance de concentração, auto controle, aceitação e plenitude como ser humano, algo que nem a escola e nem a família conseguem proporcionar, por meio de drogas estimulantes, tornando o caminho em direção à cura dos supostos distúrbios tão obscuro quanto os daqueles que buscam algo semelhante, já sem tanto patrocínio explícito da família, nas drogas ilícitas, aquelas moralmente condenadas.
Saí do workshop certo de que é a aceitação da diversidade, a reestruturação da escola e seus procedimentos, visando a viabilização de uma verdadeira universalização da aprendizagem, com a melhoria do relacionamento entre professores e alunos, enfim um desenvolvimento da educação em geral por um maior preparo do profissional de educação em vários aspectos que garantirá um declínio no quadro de fracasso escolar que hoje se verifica, e no número de crianças diagnosticadas como portadoras de tais transtornos.


Kleber Garcia

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